Outros ritmos - Compositores da Bahia
Paulo Costa Lima (1954)
01 IBEJIS, para flauta e clarineta
Lucas Robatto, flauta
Pedro Robatto, clarineta
Wellington Gomes (1960)
02 FANTASIA, para violoncelo e orquestra de câmara
Christian Knop, violoncelo
Bahia Ensemble
Piero Bastianelli, regente
03 QUATRO PEÇAS PARA PIANO
Diana Santiago, piano
Paulo Costa Lima
04 APANHE O JEGUE, para flauta e piano
Lucas Robatto, flauta
Mário Ulloa, violão
05 PEGA ESSA NÊGA E CHÊRA, para piano
José Eduardo Martins, piano
06 IMIKAIÁ, para piano
José Eduardo Martins, piano
07 PONTEIO-ESTUDO, para piano
José Eduardo Martins, piano
08 ATOTÔ DO L'HOMME ARMÉ
Bahia Ensemble
Piero Bastianelli, regente
Wellington Gomes
09 REMINISCÊNCIAS, para oboé, clarineta e fagote
Adriana Cantarelli, oboé
Klaus Haefele, clarineta
Cláudia Sales, fagote
Paulo Costa Lima
10 SARUÊ DE DOIS, para 2 clarinetas
Pedro Robatto e Joel Barbosa, clarinetas
Lindembergue Cardoso (1939-1989)
11 MONÓDICA, para clarineta e piano
Pedro Robatto, clarineta
Eduardo Torres, piano
Ernst Widmer (1927-1990)
12 ONDINA, para flauta e piano
Lucas Robatto, flauta
Eduardo Torres, piano
Wellington Gomes
13 FREVINHO, para orquestra
Bahia Ensemble
Piero Bastianelli, regente
Ganhador do Prêmio Copene de Cultura e Arte
1995
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O CD foi gravado em diversas ocasiões e locais que vão de Salvador a Sófia, capital da Bulgária. As composições de Gomes revelam um desejo de atingir o ouvinte mais diretamente, por meio de padrões tonais identificáveis e formas bem delimitadas. Especialmente delicioso é o "Frevinho" (1995), com o Bahia Ensemble, que encerra o álbum. Ele tem duas sessões distintas e contrastantes. A primeira propõe clusters e harmonias divergentes, ao passo que a segunda executa um frevo reducionista com sabor de Stravinsky. Apesar de mais jovem, Gomes soa mais conservador que Costa Lima.
O ponto alto do CD está entre as faixas 4 e 8, com obras de Costa Lima que se aventuram pela enunciação vanguardista a reboque da pluralidade rítmica do candomblé. A seqüência têm início com a abordagem eufórica do flautista Lucas Robatto e do violonista Mário Ulloa: o "chorinho" "Apanhe o Jegue" (1996), que mescla um opanijé de Omolu à "Badinerie" de Bach. Segue-se o tríptico formado pelas peças para piano "Pega essa Nega e Chêra", "Imikaiá" e "Ponteio", escritas entre 1991 e 1993. São interpretadas por José Eduardo Martins, em gravação realizada na Rádio Nacional da Bulgária, em Sófia. Tomado por uma volúpia rítmica, Martins explora com engenho expressivo os temas de barranqueiros do rio São Francisco e do candomblé, transfigurados nas peças em piano-percussão que se pretende nirvana. Em meio à batucada, Martins traz à superfície a estrutura melódica das obras, como a demonstrar a filiação européia da afro-baianidade. A ironia se consuma na faixa posterior com a peça orquestral "Atotô do L´homme Armé" (1993), pelo Bahia Ensemble. Mais uma vez, o autor conjuga candomblé e erudição ocidental. Põe em discussão acalorada um alujá de Xangô com o tema medieval "L´homme Armé", madeiras, metais e berimbau.
O ponto alto do CD está entre as faixas 4 e 8, com obras de Costa Lima que se aventuram pela enunciação vanguardista a reboque da pluralidade rítmica do candomblé. A seqüência têm início com a abordagem eufórica do flautista Lucas Robatto e do violonista Mário Ulloa: o "chorinho" "Apanhe o Jegue" (1996), que mescla um opanijé de Omolu à "Badinerie" de Bach. Segue-se o tríptico formado pelas peças para piano "Pega essa Nega e Chêra", "Imikaiá" e "Ponteio", escritas entre 1991 e 1993. São interpretadas por José Eduardo Martins, em gravação realizada na Rádio Nacional da Bulgária, em Sófia. Tomado por uma volúpia rítmica, Martins explora com engenho expressivo os temas de barranqueiros do rio São Francisco e do candomblé, transfigurados nas peças em piano-percussão que se pretende nirvana. Em meio à batucada, Martins traz à superfície a estrutura melódica das obras, como a demonstrar a filiação européia da afro-baianidade. A ironia se consuma na faixa posterior com a peça orquestral "Atotô do L´homme Armé" (1993), pelo Bahia Ensemble. Mais uma vez, o autor conjuga candomblé e erudição ocidental. Põe em discussão acalorada um alujá de Xangô com o tema medieval "L´homme Armé", madeiras, metais e berimbau.
Luís Antônio Giron
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